terça-feira, 12 de outubro de 2010

Às vezes, precisamos escrever com o dedo na terra.


Hoje minha meditação baseou-se em um momento crucial na vida do homem Jesus. Enquanto ele arrebatava multidões com seu discurso inflamado, autoridades religiosas corroíam de ódio os seus corações. O som das chibatadas do azorrague utilizado para espantar os cambistas ecoava na mente daqueles que permitiam que se fizesse no templo um comércio truculento e extremamente lucrativo para muitos. As mulheres recebiam atenção, as crianças eram ouvidas e protegidas e os bêbados, mendigos e malfeitores eram acolhidos pelo calor do discurso daquele homem. Talvez alguém se lembrasse de sua visita no templo aos 12 anos quando conversava com os sábios e os assombrava com sua sabedoria. Como podia alguém questionar os ensinamentos e tradições de sacerdotes e ser amigo de ladrões? Como podia alguém que falava com samaritanos conquistar o amor de multidões? Certamente era absurdamente desagradável olhar pessoas bocejando enquanto tentava-se fazer uma explanação, ao passo que Jesus não conseguia se ocultar das pessoas, pois todos estavam ao seu encalço, passando até mesmo dias ouvindo sua mensagem.
Era necessário acabar com sua imagem para que o respeito retornasse e a aparente ordem nas coisas permanecesse do jeito que estava. O controle estava fugindo das mãos dos sacerdotes e isso era inaceitável.
Enfim, surgiu uma oportunidade de ouro para que se colocasse em dúvida a integridade teológica do que pregava aquele marceneiro que se dizia filho do homem. Pegaram no flagra uma prostituta. Era o momento de fazer com que o amotinador tomasse uma posição, ou do lado dos pecadores, ou do lado dos santos. Era, aos olhos deles, impossível Jesus safar-se de tão ardilosa questão. Não havia, em suas mentes hostis, escape para o nazareno. A hora da verdade havia chegado.
Em um momento inesperado, durante um momento descontraído com muitas pessoas que ouviam os seus ensinamentos, chegaram os escribas e fariseus, autoridades da época, com a pobre infeliz arrastada e humilhada. Podiam tê-la apedrejado sem levar ao Mestre, que com ironia procuraram para constrangê-lo em frente à multidão.
Jesus assistiu em silêncio a cena, provavelmente horrorizado com tamanho desprezo pela mulher. O nazareno suportou os momentos de escárnio em que a mulher estava passando, sendo provavelmente humilhada por aqueles que tinham a responsabilidade de cuidar das pessoas. O filho do homem não tomou atitude alguma em face aos acusadores da mulher.
A multidão que o ouvia ficou aguardando ansiosa sua posição; os escribas e fariseus comemoravam sua façanha entreolhando-se e acreditando ter logrado êxito ao fazer com que o mestre se calasse. Certamente ele não saberá o que dizer. Possivelmente um sil~encio absurdo tomou conta do lugar.
Jesus abaixou-se e começou a escrever no chão. Hipoteticamente poderíamos dizer que ele não sabia o que fazer na hora, ou podemos sugerir que a resposta já estava na ponta da língua. Contudo, ele ficou ali, parado, escrevendo em silêncio. Talvez aguardando o silêncio total. Quem sabe pensando no que fazer. É possível dizer que ele não sabia mesmo o que dizer e ao abaixar-se  e escrever no chão,  aguardava uma resposta do Pai para aquela multidão.
De repente um insight.
Todos pecaram. Não há um justo sequer. Ele sabia disso. Era extremamente observador e vira isso durante toda sua vida.
Resolveu então, lançar um desafio aos sabidões. Correu um risco altíssimo com essa sugestão, pois ele disse: Quem estiver sem nenhum pecado, lance a primeira pedra.  Bastava apenas um sem pecado para que se pudesse condenar a mulher ao apedrejamento.
Jesus os desafiou dizendo que se apenas um deles fosse justo o suficiente, TODOS poderiam começar o terror.
Apenas um.
Então, depois da bomba lançada, com o cronômetro contando, ele novamente, mostrando um autocontrole sem precedentes na história do homem, ele abaixa-se novamente e volta a escrever com o seu dedo em terra.
O final da história todos conhecem. Um a um foram afastando-se até que ficou somente Jesus e a mulher.
Uma simples atitude. Uma demonstração de autocontrole e sabedoria. Tudo começou com uma reflexão.
Pode-se dizer que Jesus sabia a resposta e esperou o silêncio para falar.
Pode-se dizer que ele aguardou uma resposta do Pai para falar.
E qualquer uma dessas hipóteses nos remete a um homem que foi o exemplo em tudo.
Sigamos o seu exemplo. Diante de uma situação difícil, escrevamos com o dedo na terra para que saibamos qual a melhor resposta a darmos para a situação.
Deus abençoe a todos.

Um comentário:

  1. [b]Ficou muito legal o modo como contaste está historia, e também muito legal a mensagem, na verdade todas as mensagens que vem da vida cristo são para se refletir e tirar o maximo proveito possivel...

    Em poucas palavras...
    Muito legal ^.^
    Abraços querido amigo!

    ResponderExcluir